Mais uma descoberta sobre os micróbios do intestino
Os micróbios do intestino produzem compostos que estimulam as células do sistema imunológico a fim de destruir os vírus prejudiciais no cérebro e no sistema nervoso, de acordo com um estudo em ratos publicado na revista eLife (periódico que publica artigos na área de biomedicina e ciências da vida).
Os resultados sugerem que ter uma microbiota saudável e diversificada é essencial para eliminar rapidamente os vírus no sistema nervoso, de modo a prevenir paralisia e outros riscos associados a doenças como a esclerose múltipla.
Como funcionou
Os autores do estudo observaram o efeito do vírus da hepatite do camundongo (MHV) em dois grupos de rato: alguns com intestino normal, com micróbios “bons”, e alguns que eram livres de bactérias. Eles atestaram que os animais isentos de bactérias tinham uma resposta imunológica fraca, eram incapazes de eliminar o vírus e desenvolveram paralisia. Já aqueles com bactérias intestinais normais eram mais capazes de combater o vírus.
Os camundongos tratados com antibióticos antes do início da doença não conseguiram se defender. Eles também tinham menos microgliais, células imunológicas que fazem a vigilância ativa do tecido cerebral e da medula.
Em seguida, a equipe identificou compostos produzidos por bactérias intestinais que podem ajudar as microgliais. Quando administraram esses compostos úteis aos camundongos sem bactérias, viram que os animais estavam protegidos de danos neurológicos causados pelo vírus.
Conclusão
“Nós mostramos que os micróbios intestinais protegem os camundongos infectados da paralisia, ativando um caminho específico nas células do sistema nervoso central”, explica June Round, professor associado do Departamento de Patologia da Universidade de Utah Health e co-autor sênior.
Professor Thomas Lane, do mesmo departamento, sugere que os sinais de micróbios são essenciais para limpar rapidamente os vírus no sistema nervoso e prevenir danos causados por doenças semelhantes à esclerose múltipla. “Nossos resultados enfatizam a importância de manter uma comunidade diversa de bactérias no intestino e que intervenções para restaurar essa comunidade depois de tomar antibióticos pode ser necessário”, finaliza.