Cirurgias Orificiais
As cirurgias orificiais englobam uma série de técnicas disponíveis para tratar as patologias da região anal. O grande avanço da medicina aliada à tecnologia, possibilitou a existência do chamado tratamento minimamente invasivo, que representa menos trauma e, consequentemente, menos dor ao paciente e proporciona uma recuperação mais rápida em relação ao tratamento convencional de doenças como a hemorroida, fissura, abscesso e fístula anal.
Sendo assim, atualmente o cirurgião especialista em coloproctologia pode contar com as seguintes técnicas minimamente invasivas para tratar as principais doenças orificiais de modo que o paciente possa voltar à sua rotina de forma mais breve e segura.
Cirurgias Orificiais Minimamente Invasivas para Fístula Anal
VAAFT (Video Assisted Anal Fistula Treatment)
É uma cirurgia vídeo assistida para o tratamento de fístula anal de maior complexidade. É possível observar todo o trajeto fistuloso, inclusive, identificando novos túneis, e removendo os tecidos que impedem a cicatrização da região.
LIFT (Ligation of the Intersphincteric Fistula Tract)
Indicado para o caso de fístula transesfincteriana, é realizado um corte entre o orifício externo e interno, ligando-os diretamente, bloqueando o túnel.
FILAC (Fistula Tract Laser Closure)
Uma sonda é inserida no trajeto fistoloso e, através do laser, ele é fechado de forma segura, sem lesionar tecidos próximos e sem a sua remoção.
Implante de Células Mesenquimais
Aprovada recentemente na Europa, é um tratamento que se dá através da utilização de medicamento com base em células-tronco mesenquimais, advindas de tecido adiposo, para tratar fístulas perianais mais complexas em pacientes com a Doença de Crohn.
Ao ser injetado na fístula, estimula o crescimento de novos tecidos, reduzindo a inflamação e promovendo o fechamento do trajeto.
PRF (Platelet Rich Fibrine)
O PRF ou cola de fibrina é um composto biológico que é injetado no túnel da fístula perianal de modo a fechar esse trajeto pela propriedade que possui de endurecimento, cicatrizando o local.
Para isso, é feita uma “limpeza” anterior do túnel para remover os tecidos existentes.
Além destes tratamentos, ainda utilizamos o tratamento convencional para fístulas, em casos selecionados. Estamos falando das cirurgias orificiais de fistulotomia, fistulectomia e o seton, como explicaremos a seguir.
Fistulotomia
Uma espécie de fio cirúrgico metálico conecta o orifício externo ao interno e, em seguida, procede-se a abertura do trajeto, mantendo-o aberto e livre. Indicada para fístulas mais simples para que não haja incisões profundas e risco de causar incontinência fecal.
Fistulectomia
É a retirada da fístula anal, de todo seu trajeto. A fistulectomia, também, é melhor indicada para fístulas mais simples, sem grande comprometimento da capacidade de conter as fezes. Por ser uma cirurgia dita invasiva, cortes mais profundos, podem danificar mais os tecidos e parte do esfíncter anal.
Seton
Para os casos de fístulas que envolvem um trajeto de maior extensão. Neste procedimento, um fio é ligado do orifício interno ao externo, mantendo a região livre do acúmulo de secreções. Muito utilizado em Doenças Inflamatórias Intestinais (DII), como a Doença de Crohn, quando há acometimento perianal.
Tratamento Minimamente Invasivo para Cisto Pilonidal
EPSIT (Endoscopic Pilonidal Sinus Treatment)
Tratamento endoscópico (por vídeo) que remove todo o conteúdo do cisto pilonidal e promove a cauterização do local, sem que seja necessária uma abertura.
Cirurgia para Retocele
TRREMS (Transanal Repair of Rectocele and Rectal Mucosectomy With One Circular Stapler)
Consiste na remoção do local onde a retocele está presente e a mucosectomia (técnica endoscópica de ressecção) com um grampeador circular mecânico, pela via transanal.
O procedimento é muito seguro e apresenta pouca dor pós-operatória.
Tratamento Cirúrgico para Fissura Anal
Fissurectomia
Retira-se o tecido comprometido e a cicatrização que costuma ocorrer ao redor. É uma cirurgia convencional onde estima-se que o paciente tenha alta no mesmo dia e que possa retornar as suas atividades após duas semanas.
Esfincterotomia
É um corte mínimo que dividirá uma parte do músculo interno do canal anal para aliviar as contrações características que os pacientes costumam sentir na região. Costuma-se ter alta também no mesmo dia, porém o tempo de recuperação é um pouco maior. Espera-se que o paciente possa retomar sua atividade normal entre duas a quatro semanas.
Botox
A aplicação do Botox (Toxina Botulínica) no tratamento da fissura anal, faz com que se diminua a força de contração do esfíncter anal interno e, com o relaxamento da musculatura, promove a sua cicatrização. Isso faz com que, muitos pacientes acabem não precisando de um procedimento cirúrgico convencional.
É um tratamento em alta na Coloproctologia por se tratar de um método pouco invasivo e que não envolve os grandes cuidados pré e pós-operatórios de uma cirurgia.
Não tem efeito permanente, porém, às vezes não se faz necessária outra aplicação se, neste período, a fissura anal for resolvida, ou seja, se atingir a cicatrização completa.
O paciente recebe alta logo após o procedimento, que é realizado sob sedação, proporcionando grande conforto e nenhuma dor.
Apesar de haver resultado progressivo do relaxamento até quinze dias após a aplicação da toxina botulínica, o alívio da dor ocorre logo nas primeiras 24h após o procedimento.
Pela rapidez no alívio dos sintomas e os riscos mínimos do procedimento, tem sido a grande evolução no tratamento desta que é uma das condições mais dolorosas dentro da coloproctologia.
Cirurgias Orificiais para a Hemorroida
THD (Transanal Hemorrhoidal Dearterialization)
Tem por objetivo, interromper o fluxo sanguíneo das artérias de uma hemorroida interna, sem cortes, com o auxílio de um transdutor/ Doppler que está acoplado no anuscopia utilizado nesta operação.
Após esse processo, faz-se a interrupção sanguínea do fluxo para o coxim Hemorroidário ligado, que tende a diminuir ou mesmo sair junto das fezes.
RAFAELO (Radiofrequency Treatment for Haemorrhoids)
Já no RAFAELO, utiliza-se ondas de rádio (radiofrequência) para causar a “morte” do tecido da hemorroida até que ela caia. Também sem cortes, é melhor indicada para hemorroidas menores de graus I e II.
LASER
O Laser diferencia-se das técnicas acima por promover alguns cortes para a retirada da hemorroida.
PPH (Procedure for Prolapse and Hemorrhoids)
Próprias para hemorroidas internas de grau I e II, fixa-as em sua posição original através de grampos especiais, sem necessidade de suturas.
Ligadura Elástica
É aplicada uma banda elástica para “estrangular” a veia e provocar o fim da hemorroida. É comum para o grau II.
Hemorroidectomia
Entre as cirurgias orificiais existentes, é considerada uma cirurgia convencional, com cortes, para a retirada das hemorroidas externas e internas de graus III e IV. É muito eficiente, contudo, os pacientes relatam apresentar um pós-operatório doloroso.
Diante disso, a médica especialista em Coloproctologia, Dra. Fernanda Elias Rabelo, desenvolveu em seu mestrado, um protocolo terapêutico de pós-operatório que diminui dores e sangramentos, tendo recebido o Prêmio Pitanga Santos – o mais importante da Sociedade Brasileira de Coloproctologia – SBCP pela qualidade de sua pesquisa e, também, foi publicado em revista internacional de prestígio Techniques of Coloproctology – Tech Coloproctol (DOI).
Ainda assim, é necessário que o médico ou médica coloproctologista, avalie as particularidades de cada paciente para fazer a melhor indicação, caso a caso.
Se você tem dúvidas ou precisa de mais esclarecimentos, agende uma consulta.