Ciência aponta relação entre microbiota intestinal e doença de Parkinson
A cada dia, a ciência avança na compreensão do papel da microbiota intestinal. Recentemente, um novo capítulo foi acrescentado a essa história, com a confirmação de uma possível relação entre os micro-organismos que vivem no sistema digestivo e o mal de Parkinson.
Tudo começou em 2014, quando pesquisadores britânicos, ao analisar a amostra de sua pesquisa sobre os sintomas do Parkinson, notaram que boa parte dos pacientes tinha uma condição em comum: cerca de 10 anos antes dos primeiros sinais neuromotores da doença, essas pessoas sofriam com prisão de ventre.
Alguns anos depois, em 2016, um estudo feito por cientistas do Instituto Tecnológico da Califórnia (CalTech) concluiu que a composição da microbiota intestinal pode estar diretamente relacionada ao surgimento e à progressão do Parkinson.
Como o estudo foi conduzido
Nessa nova pesquisa, o foco dos cientistas estava na proteína alfa-sinucleína. Mais precisamente nas fibras tóxicas desse nutriente, que se ligam aos neurônios e levam ao aparecimento de sintomas de Parkinson rapidamente.
Os pesquisadores usaram ratos com DNA idêntico e modificado, com tendência à produção aumentada dessas fibras. A primeira comparação foi entre ratos criados em um ambiente totalmente estéril e outros mantidos em compartimentos normais.
O resultado foi que os dois grupos desenvolveram sintomas neuromotores, mas as cobaias do ambiente esterilizado tremiam menos e apresentavam menos fibras tóxicas de alfa-sinucleína no cérebro.
Depois, os estudiosos pegaram os ratos do ambiente estéril e dividiram em dois grupos: um recebeu injeção de microbiota intestinal de pessoas com Parkinson e outro de pessoas sem Parkinson.
Na comparação, os ratos que receberam microbiota de pessoas com Parkinson tiveram piora dos sintomas motores. Já no outro grupo, que recebeu microbiota saudável, os sintomas não evoluíram.
A confirmação virá nos próximos estudos do grupo de cientistas da Califórnia. As novas pesquisas devem comparar os micro-organismos do intestino de pacientes com Parkinson, procurando identificar quais são eles e como estão relacionados com a progressão dos sintomas.
Embora os pesquisadores ainda não saibam explicar o processo, eles acreditam que há uma relação entre as bactérias intestinais e o desenvolvimento do mal de Parkinson. Uma das apostas é que a microbiota intestinal aumenta a produção de alfa-sinucleína no cérebro.